Síndrome de Down
Sem limites para vencer
Portadores formados em universidades provam que somos todos diferentes e capazes de chegar onde queremos
Gabriel Almeida, 29, formado em Teatro - Licenciatura pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e Marina Pompeu, 27, graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Em comum eles têm apenas o fato de terem sido os primeiros alunos portadores de Síndrome de Down a colar grau nas respectivas instituições onde estudaram. Ou ainda a garra para provar que todos são diferentes e podem chegar onde desejarem. Dois exemplos de sucesso, que seguem suas carreiras profissionais com pleno êxito.
Gabriel é oficineiro de teatro e leitura em uma escola infantil de Pelotas. Marina expõe seus quadros pintados a óleo no Partage Shopping, em Rio Grande. Enquanto para ele a trajetória foi livre de preconceitos, para ela o caminho foi mais difícil. A família teve de recorrer à Justiça para que fosse aceita na universidade. “O início foi complicado”, conta a mãe, Doris Marandini.
Mas os obstáculos foram vencidos e ela colou grau no último dia 10. Expôs o trabalho primeiramente na Furg e agora o público pode conferir seus quadros, pintados de acordo com a música que ouve, até o dia 31 deste mês. Segundo a mãe, é perceptível entender o ritmo pelas pinceladas. A diferença é notória. Já o “profe” Gabriel, como se apresenta aos pequenos da escola infantil onde trabalha, diz não ter sido vítima de preconceito em nenhum grupo que se relacionou. Considera-se hoje realizado.
Enquanto lê uma história para as crianças, faz com que interajam. Paciente, mostra as gravuras, faz perguntas e localiza a história, traz os personagens para Pelotas. Talento nato para prender a atenção delas, só desviada pela presença da reportagem na sala de aula. Conforme a diretora da escola, Renata Freitas, ele é um oficineiro como outro qualquer. “E sua presença mostra às crianças que somos diferentes”, completa.
Com slogan Eu posso ser o que eu quiser ser!, começa hoje, na data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de dar visibilidade aos direitos dessas pessoas e combater o preconceito, a 4ª Semana Pelotense sobre Síndrome de Down, com extensa programação, que se desenvolve até o dia 29. O evento é promovido pelo grupo Super Mães 21 e o projeto Novos Caminhos, da Faculdade de Educação/UFPel. O grupo de mães é atuante e luta por uma sede para a Associação de Familiares e Amigos de Portadores de Síndrome de Down.
A síndrome
Causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo, ocorre na hora da concepção de uma criança. As pessoas com Síndrome de Down ou trissomia do cromossomo 21 têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população. As crianças, os jovens e os adultos com Down podem ter algumas características semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de doenças, mas apresentam personalidades e características diferentes e únicas.
Não existe ainda no país uma estatística específica sobre o número de brasileiros com Síndrome de Down.
Uma estimativa pode ser levantada com base na relação de um para cada 700 nascimentos, levando-se em conta toda a população brasileira. Ou seja, cerca de 270 mil pessoas no Brasil teriam síndrome de Down, segundo as estatísticas.
O filme, a palestra
Um cromossomo a mais não importa, eles estão desbravando o mundo. Hoje são donos do seu próprio negócio, estão à frente de telejornais, chegaram as universidades, casaram, têm filhos e conquistaram a autonomia, enfatiza no site o diretor do filme Cromossomo 21, Alex Duarte, que estará em Pelotas no encerramento da semana. Seu estudo tem revelando jovens com Síndrome de Down que alcançaram a independência e como eles têm transformado as empresas e a sociedade através do contágio social. Vai falar sobre isso na palestra. Você pode conferir mais sobre seu trabalho no endereço www.cromossomo21.com.br.
Confira a programação
Terça-feira (21)
Manhã - Caminhada Down, concentração no largo Edmar Fetter
19h - Auditório da Faculdade de Medicina Roda de Conversa 1: Gilberto Garcias (médico geneticista), Luise Marques (fonoaudióloga) e Jaqueline Caldas (gastropediatra)
Quarta-feira (22)
19h - Auditório da Faculdade de Medicina Roda de Conversa 2: Sônia Buzetto (fisioterapeuta/Estimulação Precoce), Fabrício Borges (educador físico) e Simone Peverada (Programa Jovem Aprendiz)
Quinta-feira
19h - Auditório da Faculdade de Medicina Roda de Conversa 3: Carla Belém (psicopedagoga), Gilsenira Rangel (Faculdade de Educação) e Roberta Duarte (pedagoga)
Sexta-feira
19h - Auditório da Faculdade de Educação/UFPel - Apresentação de trabalhos do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Inclusão (Nepein): 1. Percepção de Jovens com Síndrome de Down acerca do processo de inclusão na educação regular, Roberlânia Moura. 2. Percepção de Adultos com Síndrome de Down sobre a vida em sociedade, Priscila Barbosa. 3. O pensamento lógico-matemático em jovens com Síndrome de Down, Maiara Kringel
Sábado
15h30min - Parque da Baronesa - 3º Piquenique do Afeto com Rodas de Conversas e atividades para as crianças
Domingo
19h - Auditório da Faculdade de Educação/UFPel - Apresentação de trabalhos do Grupo Nepein: 1. Atribuições do professor do atendimento educacional especializado na Educação Inclusiva, Rafaela Oliveira. 2. Os processos de Avaliação na Educação Inclusiva, Tamires Goulart. 3. Percepção dos colegas sobre as crianças com deficiências, Gabriela Leal. 4. Contribuição do Projeto Novos Caminhos na formação de estudantes de Pedagogia, Thaiany Rosa
Dia 28
19h - Auditório da Faculdade de Educação/UFPel: Tenho um aluno com Síndrome de Down. E agora? Equipe Novos Caminhos/Nepein/FaE/UFPel
Dia 29
19h - Auditório Faculdade de Medicina/UFPel Encerramento - 5. Palestra com Alex Duarte, autor do livro Cromossomo 21, que virou filme dirigido por ele. O tour de lançamento do livro duplo Cromossomo 21 está percorrendo o país. O trêiler está disponível no link http://www.cromossomo21.com.br
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